segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Apocalípticos e integrados

É o título de um (não tão recente, porém ideologicamente atual) livro¹, que empresto ao descrever as vultuosas multidões que enfrentam engarrafamentos quilométricos, driblam a polícia e põem ao chão alambrados para poder fazer parte da mega-power-hiper manada enlouquecida que assiste a um adolescente branquelo, de intelectualidade duvidosa e sexualidade nebulosa, rebolando ao som de composições pré-fabricadas, criativamente insípidas e musicalmente rasas.²

Ou fazem fila para poder ver por uma hora (até o show dos velhinhos dos Stones durou duas) a uma outra figura – verdade que incomparavelmente anos-luz mais evoluída que a primeira, no que diz respeito à genialidade musical – não fosse pela incoerência emocional, porralouquice incondicional ou qualquer coisa ruim que possa ser usada como instrumento de autodestruição por popstars a ponto de implodir de tanta culpa, ou medo, ou vazio (tudo o que já existia, porém agora com mais dinheiro, drogas e paparazzi).³

E os meios de comunicação? Alguns sentenciam sua morte, baseados em exemplos de outrora e instigando o público a quase torcer por um “vale a pena ver de novo”. É como slogan clichê: “Visite a Baixa da Égua , antes que ela acabe”. (4)
Mas o pior, não são as “celebridades” catalisadoras de tal atenção e (sobretudo) dinheiro de um país economicamente periférico e, por isso mesmo, palco ideal para tais experiências. Pois aqui estão igualmente entorpecidos pela gana em não parecer provincianos (e por isso mais provincianos ainda), milhares de adultos preocupados em parecer adolescentes, pseudo-emancipados no afã de parecer não concordar com o “sistema”. Aliás, ainda estão para inventar coisa mais chata do que gente que fala “no sistema”.  Não me macem, pelo amor de Deus! Para mim, os que dizem "a caretice do sistema" na verdade são os "parasitas do sistema", já que nada produzem, mas têm geralamente algum "careta medíocre" por trás, que é quem lhes paga a birita e o pó... então, discurso falido! 

Acho que poderíamos criar uma cidade (e chamá-la de Putaqueopariuland) para onde iriam todos os que vivem em suas bolhas fingindo que são “foda” para não precisar crescer. Isso seria “massa”, “irado”. Não, não sucumbi ao vocabulário “deles”, só usei os últimos três adjetivos para poder dizer que os mesmos, por sinal, soam-me aos ouvidos como golfadas de náufragos, enfadonhos e afogados na própria superficialidade.  

1-http://ahoraevezreservado.blogspot.com/2007/12/apocalpticos-e-integrados.html
2-http://www.jornalacidade.com.br/editorias/cidades/2010/08/29/confusao-deixa-2-mil-sem-show-em-barretos.html
3-http://wp.clicrbs.com.br/holofote/2011/01/10/amy-winehouse-xinga-fas-na-porta-do-hotel/?topo=52,1,1,,186
4. Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain ( Todos morreram aos 27, idade atual da Amy Winehouse)



segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Noite Entorpece os sãos!

       Ao contrário da minha amiga aqui embaixo, não sei passar inócua pela noite. Como deixei escrito há anos, num bilhete, antes de sair do quarto de um sapinho que já beijei muito e que, mesmo assim, não virou príncipe : A noite entorpece os sãos. É assim que funciona para mim. Saio, bebo, olho ao meu redor, vejo as possibilidades, acho-as todas iguais e rasteiras, mas mesmo assim entrego-me à elas. Meu eu lírico bêbado é capaz de coisas inimagináveis para mim, quando estou sóbria. Por isso tenho evitado as saídas, as cervejas baratas e as noites intermináveis. Há um algo de arrependimento depois, de uma ressaca moral insuportável, e arcar com esses danos é bem pior que não sair numa sexta ou sábado a noite. Acaba que o desfecho de qualquer saida é sempre igual. Nunca volto só para casa ou nem volto para casa. Eu me perco de mim e me  atiro ao que vier. Perco o controle, solto as rédeas e viro uma devassa. Essa devassa deve habitar em mim, senão, ao beber, ela não se libertaria e me aprisionaria dentro do espelho. O álcool é o portal por onde trocamos nossas identidades e essa messalina toma conta do meu corpo sem qualquer pudor, faz com que eu vire cão sem dono. E agoro só volto a beber nas noites com o meu dono por perto. Ele está para chegar e aí sim, a devassa que mora dentro de mim poderá se apossar do meu corpo sem qualquer restrição. Ele, meu dono, saberá o que fazer com ela e no outro dia, quando eu acordar, não sentirei vergonha de ter liberado o portal para o acesso à minha estrutura de carne, frágil, suscetível e insaciável.

Postado por Rã Zinza

sábado, 22 de maio de 2010

Passantes

Percebo-me cada vez mais cínica, descrente e sarcástica. A paciência para com os românticos, por um fio. Saio pelas noites, vasculho cada possibilidade e volto solteiramente blasé, sentimento talvez presunçoso de superioridade. É o amargor dos que tomam consciência de si e ficam se perguntando: E depois disso?

Ah, esqueci-me de dizer – minhalma é irremediavelmente boêmia! Não me lembro mais quando tudo isso começou, talvez porque não houve começo. A música, as intermináveis discussões, o uísque e o não-estar-aí para o convencional, eram o caminho natural a seguir... não poderia fugir dele. Isso “só”, por si, já afugenta os que inventaram para si um personagem do qual não conseguem mais desvencilhar-se; ou os que inventaram o personagem alheio, passando assim a ter como meta notívaga, encontrar alguém que se enquadre no papel. Que maçada...

A boemia exige sinceridade, integridade, sim senhor. Não se pode fingir quando se vaga pelos bares, madrugada afora, com um bando de loucos iguais a você, preocupados em encontrar as perguntas certas, além de cerveja barata, claro... Nem todo mundo percebe a beleza sutil do último cigarro ao amanhecer, muita gente sucumbe no caminho... há que ter um sentimento claro de que “ eu sou”, para que as noites passem por ti, sem corromper-te. Os que perduram ao teu redor, noites a fio, são os que não te impedem de – nem te impelem a, simplesmente deixam-te ser quem és... e são contigo.

Quantos aduladores terceiramente intencionados, politicamente iludidos, presumidamente talentosos, passionalmente influenciados, seja por esta ou por aquela causa, passam pela tua mesa...
Como não nasci para ser atriz, por trás do sorriso, podem entrever o meu enfado.

Eu só quero ver a noite passar por mim que passo por ela...

                                                                                                              Geny do Zé Pelim

sábado, 1 de maio de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Não entendo meeesmo II

         Por mais que explore os lugares mais recônditos desse miolo que é exteriormente adornado pelas minhas madeixas loiras, não consigo entender a parcela masculina da nossa espécie (falo do homo sapiens)... Para melhor compreensão do texto, irei transcrever as palavras exatas ditas pelo aprendiz de "mamãe eu  despiroquei"...
Realiza: Você está no seu cantinho, trabalhando, estudando, tomando seus porres semanais com suas amigas e ocasionalmente sofrendo de dor de cotovelo por algum amor inventado, quando, das profundezas do mundo subterrâneo do passado, ressurge aquele seu grande amor... ( Devem estar se perguntando “como” ressurge. Ora, através dos modernos e diabólicos mecanismos de fazer neuróticos em larga escala, ou seja, Orkut, MSN, twiter, etc,etc) .
        Bem, o moçoilo dos sonhos reaparece em sua vida. Ou seja, em sua tela, com todas as letras: “eu fui muito burro de tê-la deixado passar pela minha vida assim...” (Coisa que você já sabia, claro, isso da tolice é intrínseco ao gênero masculino!), “tô indo praí agora, pode me esperar...”, que agora que os dois estão solteiros outra vez, “isso só pode seu um sinal, coisa do destino” e que pretende que tudo dê certo...
        Você se derrete toda, embora saiba muito bem que isso pode ser puro e simples caô. Mas ego é ego... Paga pra ver, claro, como mulher de verdade que é.
        O candidato a príncipe vem, “Eu sempre te amei! Sinto uma energia muito boa quando estou ao seu lado...”, todos são felizes por um lapso de tempo, embora você tenha muitas dúvidas. Até que um belo dia, nada distante, o próprio começa a dizer “você me deixa ser livre... eu quero ser livre... eu amo você do meu jeito...” e dentro das suas pseudo-declarações deixa entrever o fim. Desaparece, se escafede... não dá mais notícias. O máximo que você vê é a festa no seu Orkut – o dito cujo parece estar atirando feito uma metralhadora na mão de uma lagartixa com mal de Parkinson.
        Você segue normalmente, pois já vislumbrava tal desfecho e tem experiência  suficiente pra saber quando algo vai desandar. Só que, quando você dá a entender que entendeu o recado, o tal-falado vem fazer-se de vítima! Dizer que você não se importa com ele! ( Ô vontade de escrever um palavrão, viu...)
       Aí você se pega pensando quão tresloucada é uma criatura que inventa uma situação dessas pra si: forja um reencontro, depois ela mesma ocasiona um finale e, posteriormente, cria uma auto-imagem de homem abandonado, acredita e sofre por isso... nã.
Vai procurar um analista, bem!

Agora pior mesmo foi uma amiga que teve que ouvir recentemente algumas declarações despropositadas que eu acho que foram enviadas do além mundo pelas almas penadas dos homens de Neandertal (homo neanderthalensis). É claro que o intermediário entre uma fêmea sapiens contemporânea, bonita, intelectualizada e tais aberrações comportamentais só podia ser... um homem!

O bicho disse, na maior cara limpa, que apesar de fingir modernidade, todos os machos da espécie querem mesmo é uma mulher que faça comida, deixe a casa cheirosinha e fique no conforto do lar esperando-o quando ele sair pra beber com os amigos. Que homem não gosta de mulher que fala de igual pra igual, que nunca casaria com alguém assim...

Vôte, acho que baixou o “Caboclo-pedra-lascada” nesse rapaz, coitado. Vou nem dizer o que desejo pra ele, senão meu único leitor vai achar que não sou romântica!


PS. Peço desculpas ao Mick Hucknal por usar sua foto. Quero dizer que o adoro e que isso é uma mera ilustração... não tinha nenhuma que se enquadrasse melhor!


Geni do Zé Pelim.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Macaca velha e Cafajeste Sonso

Geny, meus pelins se arrepiaram quando li seu texto! Adorei :)




Caros Leitores [isso é nome de revista né rsrs], conto-lhes agora  o resumo da noite de ontem.

Domingão em casa, maior morgação. Piggy, assim não dá né? Daí uma porquinha amiga liga e a porcaria vai pro bar. Reencontro aquele cara, ex de uma conhecida. Ele se encosta na nossa mesa, e começa com os oinc oinc dele. Dá um mole, mas sem iniciativa... Tive que dar o chute inicial. O jogo foi maravilhoso. Não teve gols, mas teve muita bola na trave [adoro!].

Cafajeste Sonso não deixa de ser cafajeste, mas  dá uma enroladinha, é romântico, e não diz: "quero [apenas] te comer";

Macaca Velha sabe de tudo isso, mas tira onda de inocente pra não rir dos exageros do cafa e, mesmo sabendo das mentiras, curte estar com ele.

{Essa Macaca do lado de cá adora uma pitada [ou duas, ou três] de Cafajestice no homem.}

Resultado: Macaca Velha não dá pra Cafajeste Sonso, e fica com a perereca saltitante. Mas o Cafa já ligou antes do almoço [uhuhh], Macaca e ele já falaram no msn, e agora é só questão de tempo... [tomara que não seja muito, pois a Macaca tá sem banana há algum tempo!]

aimeudeus! se acalma perececa!

Para as Gorilas, ChipanMarias, Orango-Tangas, e símias idosas do gênero, leiam o Manual do Cafajeste:

Manual do Cafajeste (para mulheres)


Por fim deixo uma musiquinha pra vocês:

Conquistador Barato
Leo Jaime e os Miquinhos Amestrados
Composição: Leo Jaime
(Veja o vídeo)

Eu mando os mesmos versos para um bando de garotas
Eu mesmo faço as manchas de baton na minha roupa
Eu sei que um dia desses eu ainda vou em gana
Porque eu mando mais torpedos que a marinha americana

Mas quando eu vejo um broto e digo "agora é pra valer"
Eu ouço os meus dentes batendo e os meus joelhos a tremer
Eu faço mil bobagens, eu não sei o que dizer
Mas mando a minha brasa e vou fingindo não saber

Que eu queimo o meu filme, eu enfio o pé na lama
Eu sujo o meu nome e ainda pioro a minha fama
De conquistador barato
Bam-bam-bum-bam-bum, bambolê

Eu sempre bato o carro olhando os brotos na calçada
E não decoro nomes – isso então é uma piada
Na praia ou nas festinhas eu só me meto em confusão
Porque eu paquero a garota e nem reparo o garotão

Mas quando encontro um broto e digo "agora é de verdade"
Eu fico como se tivesse apenas dois anos de idade
Eu falo mil bobagens, eu não sei o que dizer
Eu tiro o meu time pois eu sei que vou perder

Eu queimo o meu filme, eu enfio o pé na lama
Eu sujo o meu nome e ainda pioro a minha fama
De conquistador barato
bam-bam-bum-bam-bum,bambolê,bam-bam-num-bam-bum,bambolê
Rodando mais que um bambolê






domingo, 14 de março de 2010

Jogado aos meus pés... tu é mesmo exagerado! Argh...


Não se fazem mais meninos como antigamente... ninguém mais sabe o que é Sessão Coruja, nem “nada contra a corrente só pra exercitar”. Com o advento paranoizante dos sites de relacionamento e bate-papo virtuais, o carinha da vez, ou vários deles ao mesmo tempo, podem te dizer as coisas mais lindas ou mais esdrúxulas... passando muitas vezes pelo tosco ou pelo ridículo mesmo...

Dia desses estava trabalhando enquanto media minha legitimidade intelectossocial pelo número de amigos online, simultaneamente. Uma conversa infernal, onde quase ninguém diz algo que valha a pena, nem trabalha... o típico “não trepa nem sai de cima”.

Aí, de repente, entra um carinha com quem já havia tido um afair... todo educado, perguntando porque sumi. E eu me perguntando "por que foi mesmo que eu dei pra esse cara? Devia estar bêbada ( É, essa é uma boa desculpa pra mim mesma... desencana, Piggy, cê tava bêbada)"

Ora, sumi porque não apareci... “Cê sai de perto eu penso em suicídio, mas no fundo eu nem ligo.” Meio minuto depois já estava o tal sujeito se oferecendo para passar em minha casa, pra a gente se falar “rapidinho” . Seeei, “rapidinha”...

Fica o moçoilo num papo de “vamos fazer algo diferente”
Diferente de quê, criatura?

As coisas não estavam mesmo a seu favor, então ele chegou à UTI – Última Tentativa do Indivíduo – que é quando ele percebe que não vai mesmo ter êxito e parte pro romantismo para tentar reverter a situação... Exagerado. Meloso. Brega.. Tem coisa pior do que romantismo forçado? Meu amigo, diga logo que só quer me comer, aí eu resolvo se dou ou não!!! Aaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Cansei, bloqueei.

Mas não sem antes dar o golpe final, o golpe da garça do Karatê Kid... único, certeiro, fatal:  "Então vaaaai tomar no cu, que é bem diferente..."

Postado por: Geny do Zé Pelim.